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     03/05/2024            
 
 
    

 

O termo biotecnologia é corriqueiro atualmente. Mesmo assim, ainda provoca assombro e temores. Seja na medicina, na biologia ou na agricultura, os avanços obtidos são notáveis, mas ainda sofrem críticas e questionamentos. “Comer tomate transgênico? Não vou fosforecer no escuro?”. “Milho transgênico mata mariposas?”, “Genes da soja transgênica podem escapar e fazer ervas daninhas super-poderosas?”...  Na verdade, a biotecnologia como técnica – uso de organismos vivos realizando transformações - é tão antiga quanto fazer pão e queijo, que nestes casos são microorganismos fazendo fermentação. A Natureza também faz biotecnologia e transgenia, isto é, transferência de genes que codificam para uma ou várias características de uma planta para outra que não as têm, permitindo assim que a evolução ocorra e que persistam somente aquelas que mostrem maior adaptação. Na agricultura, o que a biotecnologia moderna faz é usar o que a Natureza realiza ao acaso e a seu tempo, com maior presteza e mais dirigida para os interesses do homem. Assim ela acelera os processos e foca no que é específico de interesse ao homem.

No que diz respeito às pastagens tropicais, a biotecnologia tem conseguido avanços. Ela é utilizada como ferramenta auxiliar nos programas de seleção e melhoramento genético de algumas forrageiras importantes. Tem-se que se considerar, no entanto, que essas plantas forrageiras são ainda pouco domesticadas, portanto há muito o que desvendar para termos progressos extraordinários. Mas vejamos exemplos: nos programas em andamento na Embrapa Gado de Corte já se usa marcadores moleculares na caracterização das coleções de estilosantes, braquiária e panicuns. Marcadores moleculares são segmentos do DNA que uma vez multiplicados (amplificados, na linguagem biotecnológica) permitem diferenciar uma planta da outra por meio de presença ou ausência de “bandas” ou marcas em géis. Com isso, é possível dizer se temos duplicatas nas coleções e se há diversidade de tipos para podermos selecionar parentais para cruzamentos.

Podemos ainda usar marcadores para determinar a taxa de cruzamentos entre plantas, como foi feito para Stylosanthes guianenesis e S. capitata, mostrando que são espécies de sistema misto de reprodução (tanto se cruzam como se auto-polinizam). Marcadores moleculares também auxiliam na identificação de cultivares, permitindo diferenciá-los de outros e com isso dirimir dúvidas em caso de disputa por direitos de propriedade intelectual. Em Panicum maximum, dois tipos de marcadores (microssatélites e RAPD) foram muito eficientes em comprovar a identidade de três acessos e de diferenciar um quarto, plantados em dois campos distintos. No melhoramento de braquiária, estudos de diversidade genética na coleção de B. humidicola identificaram introduções que são bastante diferentes e que quando cruzadas permitirá explorar o vigor de híbrido (heterose) como em milho. Marcadores moleculares permitiram ainda uma identificação precoce e segura de híbridos numa progênie de cruzamento entre duas B. humidicola, inédita no mundo tropical. Como nos cruzamentos artificiais não foi feita a remoção das anteras, auto-polinizações acidentais ocorreram e os marcadores apontaram que 20% das plantas entre as 345 obtidas não eram híbridas.

Outras aplicações a médio prazo da biotecnologia em forrageiras incluem o mapeamento genético, a identificação de marcadores moleculares ligados a características de interesse para fazer seleção assistida (isto é, usar marcador para reconhecer na progênie quais plantas possuem o gene específico), o sequenciamento desses genes de interesse, como por exemplo para resistência a pragas, a doenças, tolerância à seca, ao alagamento, e genes de melhor valor nutritivo, e futuramente, a transgenia. Quão longe estamos de poder fazer isso? Difícil dizer pois tanto a busca por genes, a escolha de metodologias que avançam a cada dia, bem como o desenvolvimento das populações adequadas para essas atividades, dependem de investimentos em recursos humanos e materiais.

Para avaliações com transgênicos há que se adequar os laboratórios, casas de vegetação e campos para posterior autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Com tantas exigências, é quase impossível prever o tempo das pastagens transgênicas, mas a pesquisa em biotecnologia segue a passos largos. Para maiores informações sobre esse assunto, sugerimos consultar a página da Embrapa Gado de Corte (www.cnpgc.embrapa.br) no link Publicações, acessar série Documentos (DOC 168).

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